A fase de queda dos dentes de leite costuma gerar certa ansiedade nas crianças e nos pais. Para elas, é uma fase de apreensão, seja pela possibilidade de sentir dor, seja pela certeza de ficar banguela por algum tempo. Já para os pais é mais um marco no desenvolvimento dos filhos, uma prova de que estão crescendo.

Por isso, muitas famílias se empenham em guardar os dentinhos como lembrança ou alimentar fantasias, como a da fada do dente. No entanto, é importante lembrar que o mesmo empenho deve acontecer para evitar danos durante a troca de dentição.

Pensando nisso, elaboramos este post com os cuidados necessários para que você e seu filho passem por essa fase sem traumas ou complicações. Confira!

Por que e quando acontece a queda dos dentes de leite?

Os dentes de leite, também chamados de temporários, decíduos ou dentição infantil, são o primeiro conjunto de dentes que uma pessoa tem.

Uma criança tem 20 dentes decíduos — 10 inferiores e 10 superiores —, que começam a nascer, em geral, entre os 5 e 7 meses de vida. A erupção de todos eles costuma estar completa até os 2 anos.

Os dentes de leite são formados por raiz, coroa e polpa, exatamente como os permanentes. Porém, diferem no tamanho e no formato. Ocorre que os dentes não crescem: eles já nascem com o tamanho que terão a vida toda. Por isso, a necessidade de troca da dentição após o término da primeira infância.

Assim, os dentes de leite são progressivamente substituídos por dentes maiores e mais adaptados à boca de um adulto, os dentes permanentes. A fase de queda dos dentes de leite se inicia por volta dos 6 anos, podendo durar até os 12, mais ou menos. As idades podem variar de acordo com o desenvolvimento de cada um, tendendo a acontecer mais cedo para as meninas.

Vale ressaltar que é também por volta dos 5 ou 6 anos que nascem os primeiros molares permanentes, lá no fundo da boca atrás do segundo molar decíduo, sem que haja queda de nenhum.

Quais são os cuidados necessários durante essa fase?

À medida que os permanentes crescem, as raízes dos dentes de leite são destruídas. O dente amolece até que a raiz se desprenda da gengiva e ele caia ou fique tão solto que possa ser puxado.

Após a queda, em algumas semanas, o outro dente começa a apontar na gengiva, mas o crescimento completo pode levar até 8 meses.

A ordem de troca, em geral, é a mesma de nascimento, começando pelos incisivos inferiores, seguidos dos superiores. Assim sucessivamente, do centro da boca para o fundo da arcada.

Os pais devem evitar forçar o movimento para acelerar o processo. Em geral , a troca leva algum tempo e ocorre naturalmente, sem dor ou trauma. O ideal é deixar o processo acontecer naturalmente, garantindo o crescimento ósseo adequado.

No caso de pequenos sangramentos na gengiva, deve-se aplicar gelo com uma gaze limpa para estancar o sangue.

Higiene

Nessa fase é essencial manter a higienização adequada, tanto dos permanentes que começam a nascer quanto dos dentes de leite que estão prestes a cair. O acúmulo de restos de alimento e placa bacteriana pode causar mau hálito, inflamação e cáries nos dentes permanentes.

Outro ponto de atenção são os molares, que já nascem como definitivos, sendo dentes permanentes e em uma posição mais difícil de alcançar. É preciso redobrar o cuidado na escovação.

Além disso, é importante orientar a criança para que não coloque as mãos sujas a toda hora na boca, para mexer no dente mole, por exemplo. Isso acaba levando mais microrganismos à boca e pode deixar a área inflamada.

Diálogo

A troca da dentição faz parte da infância e toda criança passa pela fase das janelinhas. No entanto, enquanto algumas ficam ansiosas e orgulhosas, outras sentem vergonha e um pouco de medo, podendo ficar com a autoestima abalada.

Por isso, é fundamental manter um diálogo sobre o assunto e explicar que a queda acontece para que outro dente mais forte e bonito apareça no lugar. Tirar fotos do sorriso novo e guardar os dentes que caem em um estojo próprio podem ajudar a criança a embarcar nessa fase com mais naturalidade.

Em quais situações é preciso procurar o dentista?

Ainda que o processo de queda dos dentes de leite seja natural e indolor, há alguns casos em que é necessário fazer uma visita ao dentista, seja para acompanhamento, seja para a retirada do dente.

A troca demora demais

Quando o processo demora demais a começar ou quando a criança inicia a adolescência sem ter concluído a troca da dentição, é caso de procurar o dentista para acompanhar a situação por meio de radiografias.

O dente não cai naturalmente

Embora seja o esperado, nem sempre a troca acontece de forma natural. Alguns dentes permanentes começam a nascer sem que o dente de leite tenha caído, crescendo na posição errada, encavalado no outro. Nesse caso, é recomendada a retirada do dente decíduo pelo dentista.

Como a mandíbula e o maxilar também estão crescendo, em geral, o problema se corrige sozinho após a extração, sem necessidade de a criança usar aparelho dental. À medida que o espaço surge na boca, a arcada se realinha.

O dente está muito mole, mas não cai

Em outros casos, o dente ainda não caiu, mas está tão mole que incomoda para falar e comer e há receio de que possa cair de repente e a criança engolir, especialmente durante o sono.

Na verdade, isso é muito pouco provável e nunca houve um caso relatado na literatura. No entanto, se estiver muito incômodo e a criança não quiser deixar puxar, vale uma visita ao dentista para dar uma ajudinha.

Queda precoce motivada por trauma

Outro caso comum é a perda precoce dos dentes, especialmente os da frente, em razão de algum trauma ou queda. Pode ocorrer quebra, ficar mole, entortar, entrar na gengiva, escurecer ou cair (avulsão dentária). Em todos os casos é importante procurar um especialista.

Se houver avulsão de dente de leite, em geral, basta esperar o nascimento dos definitivos, não sendo recomendado o implante por interferir no crescimento do substituto. Mesmo assim, é fundamental fazer o acompanhamento com um dentista, que observará a manutenção do espaço e o desenvolvimento do dente permanente.

A queda dos dentes de leite é um processo natural do desenvolvimento infantil e deve acontecer sem maiores problemas. Porém, em se tratando de saúde dos dentes, sempre valem alguns cuidados, inclusive procurar um especialista quando necessário.

A melhor maneira de garantir um sorriso saudável é visitando regularmente o dentista.